sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Hidrovia Paraguai-Paraná (Hidrovia do Mercosul)

Grupo de cientistas condena Hidrovia Paraguai-Paraná

Data: 16/11/2000
Local: Cuiabá - MT
Fonte: Midianews
Link: http://www.midianews.com.br/

Nelson Francisco Da Redação
Há menos de uma semana após a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) ter anunciado a criação de uma reserva mundial da biosfera no Pantanal, e com o status que o ecossistema obterá nos próximos dias como patrimônio da humanidade, os debates acalorados e polêmicos sobre a Hidrovia Paraguai-Paraná vêem à tona. Estudos apontam conclusões díspares, os quais por um lado mostram que a obra é viável, e por outro há relatórios afirmando que se houver a execução do empreendimento o Pantanal sofrerá graves conseqüências. E não é só isso: interesses opostos vão travar uma queda-de-braço de repercussão internacional. No meio da polêmica, estudiosos imparciais condenam a hidrovia. Relatório preparado por 11 cientistas latino-americanos e norte-americanos concluiu que o projeto da também chamada Hidrovia do Mercosul, se for executado conforme os planos oficiais, vai destruir parte do Pantanal e trazer pouco benefício econômico para o Brasil. O estudo se baseia em relatórios oficiais dos cincos países envolvidos no projeto (Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia). São 3.442 quilômetros cruzando o Pantanal até Corumbá (MS), passando por Assunção, desembocando no Paraná, e seguindo até o porto de Nueva Palmira, no Uruguai. O projeto prevê dragagem e remoção de rochas em trechos do Rio Paraguai entre Cáceres e Nueva Palmira, no Uruguai. Chamado Relatório de uma Análise Independente, o estudo já foi divulgado simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos. As conclusões apontam que haverá dragagens profundas ao longo de 3.442 quilômetros dos rios Paraná e Paraguai; retirar rochas; aumentar o ângulo de curvas desses rios; e fazer outras obras de engenharia pesada para permitir a expansão do tráfego de carga. Segundo o estudo, a hidrovia pode secar áreas do Pantanal com o rebaixamento do nível do rio, o que deve acontecer no caso do Rio Paraguai. Por causa disso, parte do Pantanal deixará de ser alagada. Ao contrário do que afirmam os consultores contratados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que prepararam o diagnóstico do consórcio da Hidroservice-Louis Berger, a obra não tem viabilidade econômica e, pior, causará mais prejuízos ao ecossistema do que se imaginava. \"Há uma grande incompatibilidade entre uma área que pretende ser uma reserva da biosfera e patrimônio da humanidade com uma atividade econômica num ecossistema tão frágil\", alega o chefe dos setor de Fauna e Flora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso, Fernando Santana Resende. \"Teremos pela frente uma longa e desgastante polêmica em torno do assunto onde interesses opostos estão em jogo\". O governador Dante de Oliveira (PSDB) tem reiterado que o projeto pretende adequar-se às condições do Pantanal, e não o inverso. Segundo ele, tudo será feito para minimizar ao máximo os impactos e danos ao meio ambiente. Defensor do ocaso da emenda Diretas Já, agora Dante defende a Hidrovia Já. Um terceiro estudo produzido por 36 cientistas brasileiros e estrangeiros coloca por terra o principal argumento usado até agora por empreiteiras do Brasil, da Argentina e de países vizinhos em favor da construção de uma hidrovia no Pantanal. Segundo o estudo encomendado por Organizações Não-Governamentais (Ongs), as empresas vinham defendendo o relatório da Hidroservice-Louis Berger alegando que a obra seria economicamente viável e causaria pouco prejuízo ao meio ambiente. Entretanto, segundo os cientistas que produziram o relatório independente, os números da Hidroservice Louis-Berger são fajuntos e teriam sido manipulados para justificar a construção da hidrovia. Tudo não teria passado por uma grande farsa. Os consultores teriam exagerado nos benefícios da obra, e subestimaram os prejuízos. Há ainda outro relatório científico feito por encomenda da Fundação Cebrac (Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural), de Brasília, e do Fundo de Defesa Ambiental (EDF), dos Estados Unidos, que chega às mesmas conclusões: \"A análise de impacto hidrológico é sofrível\", afirma o documento. O trecho mais polêmico são os 600 quilômetros que atravessam o Pantanal. Seria um desastre ecológico. Com 140 mil quilômetros quadrados no período de cheia, o Pantanal é uma das maiores planícies alagadas no mundo. Serve de viveiro para cerca de 100 espécies de mamíferos, 650 de pássaros e 262 de peixes. Como reserva mundial da biosfera e prestes a obter o status de patrimônio da humanidade, a região passa a ser reconhecida em todo o mundo. E com um alerta: reforça a importância da conservação desse ecossistema.




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SAIBA MAIS:
http://www.ahipar.gov.br/?s=hidrovia
http://www.corumba.com.br/pantanal/pant_hidrovia.htm

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